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Chuva, almoço e uma garça

  • AAFIB
  • 6 de dez.
  • 2 min de leitura

Atualizado: há 2 dias


Por Paulo Lyra


Ex-funcionários da ONU conhecem todo tipo de imprevisto. Mas o almoço de Confraternização de 2025 do Núcleo Distrito Federal resolveu testar a resiliência de todos de uma vez só. A cena inicial já dava o tom: chegamos à churrasqueira coberta do Clube do Exército — ampla, confortável, arrumada — e, ao fundo, víamos uma muralha de chuva avançando pelo Lago Paranoá.

 

Foi um dia que nunca mais vamos esquecer. Quando a chuva chegou até nós, veio com força de outro planeta. O vento atravessava o salão, molhando as mesas perto do gramado e, em alguns momentos, até quem estava sentado no centro. Guarda-chuvas foram abertos no meio do salão. Alguns associados improvisaram capas com toalhas de mesa. Um grupo migrou para o outro lado da churrasqueira, onde não ventava — mas havia muitas goteiras. Entre um espaço e outro, havia enxurradas de água descendo das calhas. Para completar, o piso começava a alagar justamente ao lado da mesa onde o buffet seria montado.

 

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Foi aí que descobrimos que a energia tinha acabado. O churrasco estava no ponto, mas arroz, farofa e outros pratos dependiam de equipamentos elétricos e teriam de vir “importados” de um restaurante fora do clube. Tecnicamente, quem quisesse podia ir embora. Na prática, ninguém ousou enfrentar o aguaceiro até o estacionamento.



 

Terrível. Podia ser. Mas, em vez de frustração, rolou camaradagem. Molhados, sim; famintos, também; mas todo mundo achando graça da própria desgraça. Organizadores discutiam adaptação às mudanças climáticas; participantes aproximavam mesas ao centro; um funcionário do clube tentava passar um rodo — gesto mais simbólico que eficaz. É bom dizer que o pessoal do buffet nunca perdeu a postura profissional, embora alguns já estivessem completamente encharcados ao transitar pelas várias áreas do evento.  Trabalharam com bom humor, gentileza e criatividade, apesar das dificuldades. 


Perto das 14:30h, a chuva começou a ceder. A comida chegou de carro. O churrasco foi servido. Voltamos ao espaço original, agora seco e silencioso. As cadeiras abandonadas estavam milagrosamente enxutas (o “milagre” se chamava Maria Angélica, que as secou com ajuda de seu marido Celso e várias toalhas). O presidente da AAFIB, Cláudio Menezes, fez um discurso rápido; Giovanni Quaglia, o organizador, respirou aliviado pela primeira vez. Todos estavam juntos, alimentados – a comida foi elogiada - e relaxados.

 


Já não chovia mais e alguns associados começavam a sair quando uma garça-branca pousou no telhado ao lado. Encharcada, ficou ali por alguns instantes, observando o movimento como quem avalia se era seguro se aproximar. Depois desceu com calma e entrou no salão, caminhando entre as mesas até chegar perto da churrasqueira.


Funcionários lhe ofereceram alguns vegetais, que ela analisou com a mesma serenidade que nós colocávamos nos pratos um pouco antes. Depois de vento, água, apagão e muitas risadas, a presença inesperada da garça foi um grand finale perfeito.


Ainda é cedo para saber se a tempestade estabeleceu algum marco climático. Poderíamos até pedir aos colegas da OMM para registrar o episódio nos anais meteorológicos. Mas não é preciso. Ela ficará na nossa memória para sempre.


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