Como nasceu a AAFIB: uma história de compromisso e amizade
- AAFIB
- 27 de out.
- 6 min de leitura
Atualizado: 1 de nov.
Por João Carlos Alexim
Fundada por um pequeno grupo de ex-funcionários da ONU que decidiram permanecer no Brasil após a aposentadoria, a AAFIB nasceu do desejo de manter laços de amizade e de ajudar colegas a lidar com o Fundo de Pensão e os planos de saúde. Ao longo das décadas, cresceu, se estruturou e hoje reúne mais de 200 membros em todo o país. Este texto é uma homenagem ao mês de outubro, aniversário de 50 anos da Associação!
Dispomos atualmente de uma associação comunitária que responde por mais de 200 membros, reunindo aposentados e pensionistas além de familiares dos ex-funcionários das Nações Unidas residentes no Brasil. Em quase todos os países onde o sistema das Nações Unidas mantém ou manteve atividades significativas, criaram-se essas associações reunindo um quadro de ex-funcionários de pessoal local e de outras nacionalidades.
Para funcionar como uma representação dos aposentados, as associações comunitárias foram reunidas em uma Federação que tem por objetivo manter diálogo e contato permanente com o Fundo de Pensão – que atende a funcionários na ativa, aposentados e pensionistas - e com os planos de saúde – que são unidades independentes ligadas a cada agência, programa e fundo do sistema. Também se ocupam do relacionamento com as próprias associações, além de representá-las em instâncias superiores com as quais temos vínculos.
A FAFICS, Federação das Associações de Antigos Funcionários Internacionais, foi fundada em 1975, por três associações de ex-funcionários públicos internacionais, localizadas em Genebra, Nova York e Roma. Ao longo dos anos, muitas outras associações de ex-funcionários do sistema ONU se juntaram à Federação. Em sua 55ª Sessão do Conselho, realizada em Viena, em julho de 2025, a instituição chegou a 63 associações membros, localizadas em todas as regiões do mundo.
Em 1987 um alto funcionário argentino do PNUD recém aposentado de suas funções no Brasil, decidiu manter aqui sua residência e, já sabendo da FAFICS, se propôs criar a Associação de Antigos Funcionários Internacionais do Brasil – AAFIB. Certamente preferiu deixar o âmbito “internacional” no nome para atender a possíveis organismos similares, mesmo estando clara a destinação aos ex-funcionários das Nações Unidas. Ele se chamava Eduardo Albertal.
A criação da AAFIB teve apoio decisivo do UNIC-RIO, o Centro de Informação da ONU para o Brasil, que funcionava, e funciona até hoje, na antiga sede do Itamarati no centro do Rio de Janeiro. O UNIC proporcionou toda a infraestrutura necessária como secretaria, instrumentos de comunicações, salas de reunião e endereço formal para constituição de sede.
Desde o início, a Associação estava vinculada, de alguma forma, à Federação, o que lhe dava status e identidade. A Associação era bastante informal nesse início e reunia, principalmente, os aposentados da Panaftosa/OMS/OPAS. Eles se sentiam, na ocasião, sem apoio concreto para entender os requerimentos do Fundo de Pensão e dos planos de saúde. Eduardo Albertal, fundador e presidente, com alguns poucos colegas auxiliares, se dedicava pessoalmente e como missionário ao atendimento desse pessoal. As contribuições eram pagas a qualquer pessoa da diretoria, geralmente ao próprio Albertal.
Em algum momento ele criou o título de Associado Remido para os que pagassem três anuidades de uma vez. E Benemérito aos que contribuíssem com uma certa quantia maior. Quando tinha de comparecer às Sessões da FAFICS, ele “passava o chapéu” entre os associados e recolhia algum dinheiro para completar o que pagava do próprio bolso. A prestação de contas era oral com base em anotações pessoais. E aprovadas em assembleia.

Albertal foi diretor do PNUD em vários países e de outros órgãos da Nações Unidas. Também chegou a ser vice-presidente da FAFICS. Quando se aposentou estava no Brasil e por aqui ficou. Dessa época não temos registros, a menos que um armário de aço que mantínhamos no UNIC ainda exista, o que não creio.
Em 2002, o presidente já era Carlos Goulart e havia uma discussão sobre a formalização da AAFIB e seu registro oficial. Albertal era diretor de assuntos internacionais. Goulart fez o primeiro registro da AAFIB em cartório nesse ano. A Diretoria constava de Carlos Goulart, presidente; Fernando Pinto, vice-presidente; Eglantina Moragiannes, secretária. Entre 2004 e 2005 Goulart era presidente, Fernando Pinto, vice-presidente; Georgina Pinto era tesoureira e eu, Alexim, o secretário. Ele também deu início à criação de Núcleos no Rio e em São Paulo.
Em outubro 2005 fizemos a Primeira Reunião Nacional da AAFIB. Albertal seguia sendo diretor internacional. Neste ano aparece o número 10 do Boletim AAFIB, editado por mim. Albertal estava na capa.
Entre 2006 e 2008 o presidente era Bernardino Pontes, que trabalhou na agência de Energia Nuclear, na Áustria. Em março de 2009, a AAFIB hospedou no Rio de Janeiro a VII Reunião Regional das AFICS, que são as Associações Regionais, num hotel em Copacabana. Durante a presidência de Bernardino, Carlos Goulart implementou os trabalhos da Associação. Em 2008 Goulart voltou à presidência até seu inesperado falecimento, em fins de 2011.
Em 2010, eu assumi a presidência da AAFIB por dois meses a pedido de Goulart devido ao impedimento ocasional dele.
Em agosto de 2011, Goulart festejou o registro da AAFIB na Receita e recebeu o CNPJ. O membro associado estimulador dessa ação foi o Paulo Cezar Pinto, que durante uma Assembleia alertou que nossa contabilidade era claudicante.
Ainda em outubro de 2011, numa reunião no Centro Panaftosa por iniciativa de Goulart, tivemos a apresentação de Sumaya Garcia, voluntária filha do associado João Garcia, da proposta de criação de uma página web para a Associação. Goulart investiu também no fortalecimento do Núcleo de São Paulo, com apoio de Udo Bock, Vanderlei de Marque e outros colegas.
Em dezembro desse ano Goulart foi vítima de enfarto enquanto andava de bicicleta na orla de Ipanema e faleceu. Eu assumi a presidência da AAFIB para completar o mandato e depois me elegi para novo mandato, a partir de 2012.

Meu programa principal foi tornar a AAFIB um órgão nacionalmente presente, consolidando o Boletim AAFIB e a página web. A colaboração de Sumaya foi cada vez mais importante. A aproximação com os Recursos Humanos das organizações foi outra iniciativa destacada. A ascensão desses setores, ou das pessoas designadas nas organizações, foi um dos melhores acontecimentos da época, que ajudou decisivamente o esforço da AAFIB nos contatos com os ex-funcionários residentes no Brasil, aproximadamente 500 indivíduos. E aconteceu a mudança gradativa do perfil da AAFIB, integrando novos associados de todos os níveis funcionais, vindos de uma variedade de organismos.
Em 2013, a AAFIB fez um recadastramento: havia muitos remidos e apenas 37 associados contribuintes, cerca de 1/3 do total de membros.
Entre 2014 e 2015, a AAFIB promoveu várias atividades tradicionais: “Seu momento mais marcante no Sistema”; “Reforma e instalação do website”, com a decidida sustentação de Sumaya; “Consolidação dos Núcleos Regionais”, com seus respectivos coordenadores; “Workshop para ativos próximos da aposentadoria” e “Primeiro Concurso de Fotografia”, que não vingou por falta de candidatos.
Em abril de 2016 havia 150 associados, 33% quites com a tesouraria, 33% com isenção e 45% em dívida.
Nesses anos, a grande mudança foi o peso relativo dos aposentados da OMS, que no início eram praticamente a maioria, embora ainda hoje sejam significativos. E o soerguimento dos serviços de RH extensivos aos aposentados nas sedes regionais dos organismos. O papel da AAFIB foi atualizado e uma parceria muito positiva foi construída com esses serviços. E houve a consolidação dos Núcleos Regionais como parte ativa da Diretoria.
Em setembro de 2016 foi feita nova eleição, quando se buscou uma abrangência nacional, graças à presença consolidada da página na Internet, usada no próprio processo eleitoral, assim como o amplo uso do correio eletrônico. Foi eleito Giovanni Quaglia que vinha colaborando intensamente como diretor do Núcleo de Brasília. Ele se reelegeu em 2018.
Na Assembleia de 2018 foi promovida uma campanha, em todo o país, para atrair a presença de associados de fora do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. O Estatuto foi reformado para que os membros da Diretoria pudessem vir de qualquer parte do país e foram introduzidos instrumentos virtuais para ajudar nas eleições.
O programa de Giovanni foi dirigido à consolidação dos Núcleos e ampliação dos contatos com a FAFICS, contribuindo para a criação de uma entidade regional das AFICS. Ele expandiu a AAFIB junto à nossa Federação e promoveu uma aproximação ativa com as AFICS regionais. Também travou uma batalha no campo dos planos de saúde para melhorar a prestação de serviços e reduzir o custo para os aposentados, sobretudo com relação ao plano de saúde MIP. Foi na gestão de Giovanni que as atividades virtuais ganharam um forte impulso com o lançamento de vários projetos, como o AAFIB Connection que revolucionou o modo de trabalho da AAFIB. A colaboração da Sumaya Garcia foi mais uma vez determinante.
Em novembro de 2020, com o uso de recursos virtuais e grande mobilização de associados, foram realizadas eleições gerais e foi eleita a presidente Maria Angélica Gomes. Ela assumiu com entusiasmo. Prometeu dar andamento aos programas exitosos, continuar criando novas formas de atrair os associados e continuar estreitando as relações com as AFICS e também com a FAFICS.
Ao longo dessas cinco décadas, a AAFIB tem sido ponto de encontro, apoio e representação para os antigos funcionários das Nações Unidas no Brasil. Sua história reflete a dedicação voluntária de muitos e o espírito solidário que continua unindo essa comunidade.




