Possíveis consequências das atuais políticas dos EUA para as Nações Unidas
- AAFIB
- 26 de mai.
- 3 min de leitura
Atualizado: 5 de jul.

O Núcleo DF da AAFIB retomou suas atividades este ano em grande estilo. O coordenador Ralph Hakkert propôs à diretoria organizar uma reunião, no formato misto, presencial (em Brasília) e virtual, para discutir as Possíveis consequências das políticas atuais do governo dos Estados Unidos para as Nações Unidas em geral e, mais particularmente, para o nosso Fundo de Pensão (UNJSPF). A ideia se mostrou muito pertinente e a iniciativa foi muito bem avaliada pelos associados que dela participaram.
A reunião aconteceu no dia 21/05/2025, às 10h30, no PNUD, que fica na Casa da ONU em Brasília, e teve uma grande novidade: pela primeira vez nas iniciativas da AAFIB, contamos com a presença e a participação de colegas da ativa, mais especificamente da Associação de Pessoal dos Funcionários da ONU no Brasil. Participaram presencialmente da discussão 23 pessoas e vários colegas de fora de Brasília acompanharam online.
“Muitos de nós nos preocupamos com a perspectiva de uma redução do apoio do atual governo dos Estados Unidos à Organização ou mesmo de uma retirada total dela, além de outras políticas que podem enfraquecer as instituições multilaterais e afetar nosso Fundo de Pensão”, explicou Ralph sobre a motivação para propor a discussão. “O objetivo da reunião é ponderar se efetivamente há razões para preocupar-se com isso, se há riscos e quais são eles”, disse ele.
A ameaça de retirada dos Estamos Unidos como país integrante das Nações Unidas chegou a ser destaque há algumas semanas, mas felizmente está perdendo força, embora não saibamos como será no futuro.
Para o presidente da AAFIB, Cláudio Menezes, “a reunião tratou de um ponto que é foco de interesse de todos os associados. A apresentação do Ralph foi muito bem documentada e ele apresentou aos cenários da retirada dos EUA das Nações Unidas junto com dados atuariais do nosso Fundo de Pensão, que hoje tem uma situação bastante sólida”.
Para chegar na melhor notícia da reunião, a de que o Fundo de Pensão das Nações Unidas tem uma situação bastante consistente neste momento, Ralph fez uma apresentação mostrando dados e análises sustentando cada argumento seu. “O Fundo não corre o risco imediato de não pagar seus compromissos, embora isso não queira dizer que não corra risco nenhum...” explicou ele. “Se amanhã a ONU deixar de existir e não receber mais nenhuma contribuição, o Fundo continuará existindo e terá condições de pagar até que os direitos financeiros de todos os aposentados atuais e futuros tenham sido cumpridos”, garantiu.
No entanto, ao analisar as possíveis ameaças ao UNJSPF nos tempos atuais, há algumas situações que poderiam afetar o Fundo, de alguma forma, explicou Ralph. Ele contou que os EUA contribuem com 22% do orçamento regular das Nações Unidas, além das contribuições a Fundos como o UNFPA e UNICEF. Caso se retirassem e o déficit não fosse coberto por outros países, a ONU poderia enfrentar um encolhimento do seu staff em até 25%.
Há formas do Fundo de Pensão lidar com essa situação hipotética. Entre elas estão aumentar a contribuição dos funcionários ativos; alterar a regra de contribuição da parte do funcionário e a parte da Organização (hoje é de 1/3 pago pelo funcionário e 2/3 pagos pela Organização), ou ainda complementar os valores que deixaram de entrar com recursos de ganho de capital, embora não saibamos se isso é possível dentro do UNJSPF.
“Na minha opinião, o maior risco que temos atualmente é o risco de mercado, uma eventual situação de crise grave no sistema financeiro mundial”, diz Ralph Hakkert. Nesse aspecto, ele indicou três riscos principais: uma crise dos mercados de ações; uma perda de valor das Obrigações do Tesouro dos EUA, que significam boa parte dos investimentos do Fundo e atualmente são consideradas uma aplicação extremamente segura; e um enfraquecimento do dólar como moeda internacional de reserva, com consequente queda nas taxas de câmbio. “Minha conclusão é que, mesmo assim, nós estamos em uma situação privilegiada, porque o nosso Fundo de Pensão está muito bem estruturado”, finaliza ele.
Entre as pessoas da Associação de Funcionários da ONU que participaram da reunião da AAFIB estava a sua vice-presidente, Juliana Wenceslau Biriba dos Santos, do PNUD, que expressou preocupação, junto com outros colegas da ativa, também com relação aos seguros-saúde após a aposentadoria. Ficou acertado que este assunto voltará a ser discutido em reuniões a serem marcadas futuramente.